Belo Horizonte, 7 de março de 1976.
O Mineirão recebia um público extraordinário: 65.463 torcedores encheram as arquibancadas para assistir à grande batalha. Cruzeiro e Internacional jogariam pela Taça Libertadores da América. Era mais que a estréia das duas equipes: os cruzeirenses encaravam a partida como a revanche da final do Campeonato Brasileiro de 1975, vencida pelo Colorado. Mas, quando o árbitro argentino Luis Pestarino deu início à batalha, ninguém poderia imaginar o turbilhão de emoções que se seguiria.
Logo aos 4 minutos, veio o primeiro gol do Cruzeiro. Joãozinho cruzou rasteiro da esquerda, e Palhinha abriu o marcador, de canhota, vencendo o goleiro Manga. Aos 10, mais um tento cruzeirense. Nelinho efetuou um lançamento primoroso, Figueroa e Manga falharam, e Palhinha mais uma vez aproveitou. 2 a 0.
O Internacional não se abateu com a desvantagem. Aos 14, Lula acertou um balaço de canhota, de fora da área, no ângulo do goleiro Raul, que nada pôde fazer. 2 a 1.
Mas o ataque mineiro estava impossível. Aos 21, Joãozinho foi esperto, roubou a bola de Caçapava, driblou Figueroa e chutou cruzado, batendo Manga mais uma vez. Amigos, foi uma verdadeira obra de arte de Joãozinho. Se eu fosse curador de um museu do futebol, este lance teria o seu lugar destacado no acervo. 3 a 1.
O Colorado era um time aguerrido, conhecido por não desistir nunca dos jogos. Aos 39, Lula fez jogada espetacular pela esquerda, passando por Moraes, e tocou para Valdomiro mais uma vez descontar. 3 a 2.
Veio o segundo tempo, e aos 6 o empate gaúcho. Falcão lançou Valdomiro na direita. O último alçou na área, e Zé Carlos empurrou a bola contra a própria meta. 3 a 3!
Aos 17, mais um vacilo da defesa do Internacional foi aproveitado por Joãozinho, que fuzilou Manga: 4 a 3 Cruzeiro!
Aos 25, o Colorado mais uma vez empata! Lula lança Vacaria na esquerda, e este levanta a pelota na área. Escurinho cabeceia para o meio, e Ramón completa para o gol. Raul não consegue defender. 4 a 4!
A apreensão tomou conta do Mineirão quando o juiz argentino expulsou Palhinha, que liderava a equipe cruzeirense com grande atuação, ao lado de Joãozinho e Nelinho. Seria o cartão vermelho o prenúncio de uma derrota logo na estréia?
Não, não seria. Aos 38, Joãozinho faz mais uma grande jogada pela esquerda, e é derrubado por Valdir dentro da área. O pênalti foi marcado por Pestarino, e então viveu-se o momento de maior tensão da partida. A bola, na marca penal. A poucos passos dela, o lateral Nelinho. Sobre a linha do gol, Manga. O arqueiro voou para a sua direita, mas Nelinho bateu com muita categoria no canto oposto. Cruzeiro de novo na frente: 5 a 4, e o Internacional não empatou mais. Nunca mais!
Observemos que o brilhantismo dessa partida imortal não reside apenas no talento dos jogadores em campo. Também os técnicos tiveram importância vital. Zezé Moreira e Rubens Minelli são dois gênios da história do futebol brasileiro. Seus currículos falam por si: Zezé foi, só pelo Fluminense, campeão mundial em 1952, campeão carioca em 1951 e 1959 e campeão do Rio-São Paulo em 1960. Conquistara também títulos no Botafogo, no São Paulo e na Seleção Brasileira. Já Rubens Minelli já tinha dois Campeonatos Brasileiros no currículo: 1969 pelo Palmeiras e 1975 pelo próprio Internacional.
(Zezé Moreira viria a conquistar a própria Libertadores de 1976, pelo Cruzeiro. Rubens Minelli ganharia também os Brasileiros de 1976 pelo Inter e 1977 pelo São Paulo.)
Compacto do programa Grandes Momentos do Esporte, da TV Cultura:
Escalações:
Cruzeiro: Raul; Nelinho, Moraes, Darci Menezes e Vanderlei; Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata (Isidoro), Jairzinho, Palhinha e Joãozinho.
Técnico: Zezé Moreira.
Internacional: Manga; Cláudio Duarte (Valdir), Figueroa, Hermínio e Vacaria; Caçapava e Falcão; Valdomiro, Flávio (Ramón), Escurinho e Lula.
Técnico: Rubens Minelli.
Autor:
PC.
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Moraes (Cruzeiro) e Flávio (Inter) disputam a bola (foto: Correio do Povo). |
Sensacional. Os tempos de Inter e Cruzeiro voltaram.
ResponderExcluirSENSACIONAL!!! [2]
ResponderExcluirJogaço! Os dois times eram extremamente técnicos e jogaram com muita raça, aí o espetáculo é garantido!!!
ResponderExcluirEu odeio o Raul Plasmann!!! E olha que eu nem sabia como o cara era frangueiro!!! Francamente, falhou bisonhamente em pelo menos dois tentos do Internacional!!!
Uma curiosidade relativa à Libertadores é a quantidade de times campeões com frangueiros no gol, só os que eu conheço: Cruzeiro (Raul), Flamengo (Raul), São Paulo (Zetti), Internacional (Clêmer) e LDU (Cevallos). Qual é? É pré-requisito???
E quanto a Zezé Moreira, a grandiosidade dos títulos conquistados por seus times fala por si só. Gênio!!!
O time do Flu campeão mundial foi montado para o carioca de 51 e foi um dos maiores da história do Clube. Zezé Moreira comandou o Flu em 503 jogos com aproveitamento de 66,73%. Esteve no Tricolor em 1951/1954, 1958/1962 e 1973.
Ao meu ver um dos maiores técnicos da história.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBons tempos...e bom público.
ResponderExcluirA partida e principalmente o resultado poderiam ser repetidos. Com certeza um belo espetáculo...o que não houve ontem.
Inté!
Já vi gente dizer que esse foi um dos melhores jogos da história do futebol brasileiro.
ResponderExcluirEu não ví, mas com o timaço que Cruzeiro e Inter tinham não é difícil acreditar.
Carlão Azul.
Site/Blog Sou Cruzeirense
Este jogo foi sensacional. Ouvi pelo rádio, Rádio Guarani, e me lembro até hoje. Joãozinho sempre foi muito bom mas neste dia parecia o melhor jogador de todos os tempos. Um jogo eterno. É FATO!
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