sábado, 13 de junho de 2009

Recordar é viver - Fluminense 1, Volta Redonda 1

Rio de Janeiro, 3 de março de 1994.

Amigos, assim o técnico Delei escalou o Fluminense naquela cálida tarde: Ricardo Cruz; Márcio Baby, Márcio Costa, Luis Eduardo e Lira; Jandir, Branco, Luis Henrique e Wallace; Mário Tilico e Ézio. 2.992 pessoas estavam no lendário Estádio das Laranjeiras para assistir ao confronto, válido pelo Campeonato Estadual de 1994. O ingresso custou 3 mil cruzeiros reais, e valeu cada centavo. E nem foi pelo gol de Branco, no segundo tempo. Aquele Fluminense 1 x 1 Volta Redonda, no lendário Estádio das Laranjeiras, seria apenas mais um jogo na centenária história tricolor, mas um fato peculiar o transfigurou para o status de eterno. Aconteceu no finalzinho do primeiro tempo.

0 a 0, jogo duro, e então o árbitro Orlando Gomes Leonor assinala pênalti para o Fluminense. Ézio ajeita a bola para a cobrança, mas quem está no gol do Volta Redonda? Ele mesmo: Paulo Victor, o último grande goleiro tricolor, que vivia o final da carreira no Voltaço. "Implorei para não jogar, não agüentaria enfrentar o Fluminense. Mas fui obrigado e lá fui eu", declarou Paulo Victor, anos depois. Ocorre então a seqüência sublime: Ézio bate e Paulo Victor defende, espalmando a escanteio. "Achei que seria linchado". Claro que não, grande arqueiro, claro que não. Os gritos que vieram das arquibancadas foram a consagração rara de um ídolo eterno: "É Paulo Victor! É Paulo Victor! É Paulo Victor!". Homenagem merecidíssima da torcida tricolor ao espetacular goleiro.

Paulo Victor defendeu o Fluminense de 1981 a 1988, conquistando 1 Campeonato Brasileiro (1984), 1 Tricampeonato Carioca (1983-1984-1985), 1 Torneio de Seul (1984), 1 Torneio de Paris (1987) e 1 Copa Kirin (1987). O arqueiro atuou com a camisa tricolor em 360 jogos, com 174 vitórias, 109 empates e 77 derrotas. Ele sofreu 288 gols, com média de 0,8 gols sofridos por partida (média considerada excepcional). Uma curiosidade: o atacante Romário, maior artilheiro da história do futebol carioca, nunca conseguiu vazar a meta de Paulo Victor. O Baixinho começou a atuar em 1985, mas seu primeiro gol contra o Fluminense só viria a acontecer em 1995, no fatídico Fla-Flu do gol de barriga, quando o goleiro tricolor já era Wellerson.

Seu melhor campeonato foi o Carioca de 1985, quando tomou apenas 12 gols em 24 jogos, incrível média de meio gol sofrido por partida. Suas atuações seguras o levaram à Seleção Brasileira. Em 1986, foi convocado por Telê Santana para o escrete da Copa do Mundo do México.

Muitos tricolores consideram Paulo Victor Barbosa de Carvalho o último representante da famosa escola de goleiros do Fluminense. O primeiro grande arqueiro tricolor foi Marcos Carneiro de Mendonça, famoso por atuar com uma fitinha roxa no uniforme. Marcos foi o primeiro quíper da Seleção Brasileira. Carlos Castilho, o maior ídolo da história do Fluminense, também foi um goleiro extraordinário, tendo defendido o Brasil em quatro Copas do Mundo (1950, 1954, 1958 e 1962). Ficou famoso por amputar um dedo para continuar defendendo a meta tricolor. Veludo, o reserva de Castilho, era um goleiro tão extraordinário que, mesmo sem atuar, era constantemente convocado para a Seleção. Felix, o goleiro do escrete na Copa de 1970, também era do Fluminense. Paulo Victor está ao lado desses e de outros monstros sagrados, na galeria de ídolos do Fluminense Football Club.

Por isso, a homenagem de 3 de março de 1994 foi tão bela, tão justa e tão merecida. Merece ecoar para sempre:
"É Paulo Victor! É Paulo Victor! É Paulo Victor!"

PC

7 comentários:

  1. http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=28077&tid=5346545074413507798&na=4

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  2. Eh, PC...
    Nao se fazem mais goleiros nem jogadores com tal amor a um clube como antigamente...

    Saudades do tempo que nao vivi.

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  3. E tem torcedor que gosta do Frangando Henrique.
    Não conhecem nossa história.
    Os Goleiros citados no Blog, jamais jogariam nosso manto no chão.
    S.T.

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  4. Nem sabia que o Paulo Victor tinha jogado no Voltaço o.O

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  5. Sempre quando assisto qq jogo de 84 me emociono com aquele time, que futebol!!! Posse de bola, troca de passes brilhante, goleiraço, grandes jogadores...
    Só por fazer parte daquela equipe, Paulo Victor merecia todas as homenagens!

    Saudades do tempo que nao vivi. [2]

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  6. Acompanho futebol desde 1978, regularmente.

    Paulo Victor Barbosa de Carvalho foi o melhor goleiro que vi jogar com a camisa do nosso amado Fluminense.

    Vinte e um anos depois de sua saída, provocada por motivos fúteis da dirigência do clube, continua insuperável.

    Seus números atestam tudo.

    Nosso clube tem uma história de goleiros espetaculares; um pantheon dos maiores arqueiros do maior futebol do mundo. Lá, seguramente, estão Marcos Carneiro de Mendonça, Batatais, Carlos José Castilho e, ao lado deles, Paulo Victor.

    Um grande abraço.

    Paulo-Roberto Andel
    http://cronicasdoflu.blogspot.com

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  7. onde encontro o vídeo desse jogo de 1994?

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