Rio de Janeiro, 13 de julho de 1992.
Amigos,
Ontem tivemos o primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro, num Maracanã com gente escorrendo pelas paredes. De um lado, a massa rubro-negra, a empurrar o Mais Querido. Do outro lado, os alvinegros estavam em minoria, mas dispostos a vencer ou perecer pelo Botafogo. Pela primeira vez, os dois tradicionais clubes da Zona Sul decidem o principal torneio nacional. Foi este fato que atraiu as multidões ao Estádio Mário Filho. Mais de cem mil pessoas lotaram as arquibancadas, gerais e cadeiras. O Maracanã viveu um de seus maiores dias ontem: o estádio estava lindo!
O Botafogo tem a melhor campanha, e por isso joga por dois empates. Sempre digo que a vantagem é um perigo, e o clássico de ontem foi exemplo disso. A vantagem empurra o time para a defesa, ao passo que a desvantagem do adversário o empurra para o ataque. As equipes em vantagem deveriam jogar como se ela não existisse, mas não o fazem. Os três gols rubro-negros, ainda no primeiro tempo, foram conseqüência direta da vantagem alvinegra. Júnior, o maestro que se despede dos gramados, abriu o marcador aos 15. Aos 34, o prata-da-casa Nélio ampliou: dois a zero. Nada segurava o ímpeto flamengo: quatro minutos depois, Gaúcho fez três a zero, de cabeça. Que primeiro tempo avassalador!
Sabemos que o flamenguista é um sujeito otimista por natureza. Porém, nem o rubro-negro mais sonhador poderia imaginar os 3 a 0 ainda no intervalo. Por outro lado, o botafoguense é tão pessimista que sempre vai ao Maracanã esperando a derrota. Mas nem mesmo o mais deprimido alvinegro poderia imaginar tamanho massacre em 45 minutos. A atmosfera do Maracanã era de muita expectativa para o segundo tempo. Aconteceria a reação histórica do Botafogo? Ocorreria uma goleada colossal do Flamengo? Ou o placar simplesmente se manteria?
O destino escolheu a terceira opção, isto é, a manutenção dos 3 a 0. Porém, isso não significa que o jogo foi chato na etapa complementar. O Botafogo lutou, amigos, o Botafogo foi todo ataque. Mas o dia doze simplesmente não era o dia do alvinegro. Tudo dava tão certo para o Flamengo! É impressionante: o clube da Gávea parece ser o escolhido da sorte durante as decisões. E, venhamos e convenhamos: é difícil lutar contra a sorte.
E quem é o personagem do domingo? Amigos, é um personagem escondido, que nada faz para aparecer, nada faz para ser notado, mas tem uma grande importância nos triunfos do Flamengo. Trata-se do técnico Carlinhos. Os jogadores se matam em campo, molhando a camisa com seu grosso suor. Mas não podemos nos esquecer de quem está por trás, dispondo: é Carlinhos. É ele o responsável pela tática e pela estratégia do Flamengo. Se o rubro-negro foi tão avassalador, ponham mais essa na conta do quieto treinador rubro-negro.
Há um detalhe que poucos reparam. Aliás, detalhe coisíssima nenhuma: é um fato tão importante que não pode ser chamado de detalhe. Amigos, Carlinhos é magro, mas é afável e humilde como os gordos. Eu diria que ele é magro de corpo, e gordo de alma. E eu credito toda a sua clarividência a essa alma obesa que ele possui. Para ser técnico do Flamengo, é preciso ter estrutura: os palpites vêm de todos os lados, e as ameaças são constantes. Quando Carlinhos assumiu, eu achava que ele não teria estrutura suficiente para agüentar, já que é magro tal qual a Olívia Palito. Porém, sua alma revelou-se gorda, revelou-se obesa. E, assim, ele pôde resistir às pressões do cargo.
A taça se decide no próximo domingo, e agora a vantagem é do Flamengo. Se o rubro-negro fingir que ela não existe, dificilmente o troféu escapa. Domingo que vem, o Maracanã proclamará o campeão brasileiro de 1992. Mal podemos esperar pela eterna finalíssima!
PC
(No dia 19/07/1992, Flamengo e Botafogo empatariam em 2 a 2, e o título do Flamengo se confirmaria. A nota triste fica por conta do acidente nas arquibancadas, que terminou com a morte de três torcedores.)
Bah... o Renato Gaúcho, numa entrevista ao Sportv, disse que dois jogadores do Botafogo tinham se vendido para o Flamengo. Esse jogo foi um dos mais sujos da história. Ele mostrou o que uma agremiação é capaz de fazer para ser campeão, além de evidenciar a alma corruptível do ser humano. Só lamento pelo futebol.
ResponderExcluirRenato Gaúcho fala sobre as "coisas estranhas de 1992":
ResponderExcluirhttp://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM995753-7824-RENATO+GAUCHO+ABRE+O+JOGO+EM+ENTREVISTA+EXCLUSIVA,00.html
Porra, se esse negócio for verdade, aí num sobra mais nada...quanto mais se varre mais sujeira aparece!!!
ResponderExcluirMinoru, você ficou devendo uma foto aí de um Grêmio e Flamengo final de campeonato brasileiro...
Sem querer botar lenha na fogueira, mas no lance do segundo gol o time do Botafogo me pareceu parado demais...
ResponderExcluirSalve o Maestro e Salve o Violino!
ResponderExcluirNão entendo por quê os jogadores sempre se saem com essa de fazer misterinho quando há um suposto escândalo.
ResponderExcluirÉ essa final de 92, é a final da Copa de 98... boleiros, botem a boca no trombone!!!
Concordo plenamente...
ResponderExcluirNélio arregaçava no Super Nintendo!
ResponderExcluirQual é a graça de ganhar assim?
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