Amigos, tudo começou em 1912. Nove titulares saíram do Fluminense e foram fundar o futebol do Flamengo. No campo do Fluminense,
o primeiro Fla-Flu. O Flamengo era o time campeão do Fluminense, sem
Oswaldo Gomes e
James Calvert. O Fluminense era um time de reservas, instantaneamente promovidos a titulares. Ali, em Laranjeiras, nascia o maior clássico do futebol brasileiro. Isto porque aconteceu o milagre: os ex-reservas venceram os titulares campeoníssimos. E aquilo criou no Flamengo uma ferida eterna. E desde então, rubro-negros e tricolores quebram lanças em batalhas memoráveis, ano após ano.
A primeira grande decisão foi em 1919, também em Laranjeiras, agora um majestoso estádio. O presidente Epitácio Pessoa estava presente. E viu o goleiro tricolor Marcos Carneiro de Mendonça defender o pênalti e os dois rebotes, quando ainda estava 0 a 0. Depois viu Bacchi tomar a bola, driblar um, driblar outro e fuzilar para o gol. Era o tricampeonato do Fluminense.
O Fla-Flu voltaria a decidir o Campeonato em 1936, já no profissionalismo. Melhor-de-três em Laranjeiras, 2 x 2, 4 x 1, 1 x 1: novamente o Fluminense levantava a taça. Batatais; Guimarães e Machado; Marcial, Brant e Orozimbo; Mendes (Sobral), Lara, Russo, Romeu e Hércules. Essa escalação até hoje arrepia as testemunhas daquele certame.
Em 1941, mais uma decisão: o
Fla-Flu da Lagoa. O Fluminense conquistara quatro campeonatos em cinco anos, o Flamengo havia sido o único a interromper a seqüência tricolor. O esquadrão pó-de-arroz contava com
Tim,
Carreiro,
Renganeschi,
Pedro Amorim, além dos já citados heróis de 1936. Com o goleiro Batatais atuando de braço quebrado, com Brant fisicamente esgotado, com Carreiro expulso, o Fluminense segurou o empate heróico e mais uma vez sagrou-se campeão.
Em 1963, a primeira decisão no Maracanã.
O maior público da história do futebol. Escurinho perdeu o gol feito no final, e o zero a zero deu o título ao Flamengo. Pela primeira vez, o Flamengo se sagrava campeão sobre o maior rival.
A multidão voltaria ao Maracanã em 1969, para
outra final Fla-Flu. E, diante da platéia colossal, Fluminense e Flamengo fizeram uma dessas partidas imortais. O Fluminense fez 1 a 0, e o Flamengo empatou. O Tricolor faz 2 a 1, e o Rubro-Negro mais uma vez empata. Mas o Fluminense voltaria a ser campeão, graças ao gol de
Flávio.
Em 1972, veio a nova revanche rubro-negra. Com gols de Doval e Caio, descontando Jair, o Flamengo venceu o Fluminense por 2 a 1, e sagrou-se campeão carioca.
A vingança tricolor não tardaria: em 1973, no Fla-Flu da chuva, Manfrini foi o herói. E os 4 a 2 devolveram a taça à Rua Álvaro Chaves.
Dez anos depois, em 1983,
o Fla-Flu ganharia outro personagem épico:
Assis. O Flamengo era o bicampeão brasileiro. E dava um passo largo para ganhar também o Carioca, com aquele 0 a 0. Mas, aos 45 minutos do segundo tempo, o lançamento de
Deley foi perfeito, a arrancada de Assis foi perfeita, a finalização de Assis foi perfeita. O Flamengo venceria o Bangu no jogo seguinte, e o Fluminense seria o campeão.
Em 1984,
nova decisão Fla-Flu. Aos 30 do segundo tempo,
Aldo cruzou e Assis cabeceou, inapelável. Assis de novo! Estava inaugurada a estátua de
Fillol no Maracanã. E o Fluminense era o bicampeão.
Novo Fla-Flu decisivo ocorreu em 1991: o Flamengo vence o Fluminense por 4 a 2, e volta a ser campeão sob a batuta do maestro Júnior.
Em 1995, o centenário do Flamengo. Um time recheado de estrelas, uma torcida eufórica com a perspectiva de um ano maravilhoso. No octogonal final, o Flamengo chega a abrir oito pontos de vantagem sobre o Fluminense. Oito pontos que foram diminuindo, diminuindo, diminuindo. Ainda assim,
o Flamengo levava a vantagem do empate no jogo final.
Renato e
Leonardo fazem 2 a 0 para o Flu, mas
Romário e
Fabinho empatam para o Fla.
Lira é expulso, parece o fim para o Fluminense. Mas aos 42 do segundo tempo
Ronald passa a
Aílton. Aílton entorta
Charles, e chuta. Renato mete a barriga na bola, é gol. E o Fluminense é o campeão do centenário rubro-negro.
Resumindo as decisões: em 1919, 1936, 1941, 1969, 1973, 1983, 1984 e 1995, deu Fluminense. Em 1963, 1972 e 1991, deu Flamengo. Isso sem contar os outros inúmeros Fla-Flus, que não decidiram taças, mas mexeram com os corações da multidão.
Lamartine Babo conseguiu resumir tudo, em um verso do hino do Flamengo: "nos Fla-Flus, é o ai Jesus!". E assim será mais uma vez, domingo, no Estádio Mario Filho.
PC
ótimo trabalho PC!
ResponderExcluirShooooooow, PC! Amei especialmente esse texto, rs. VAMOS, FLUMINENSE, COM GARRA E COM RAÇA!
ResponderExcluirPC. Você está errado!
ResponderExcluirA expressão Ai Jesus, significa "o queridinho", "O mais querido" e não tem nada a ver com os Fla Flus! No Hino a frase diz: Mais cotado nos Fla Flus. É o Ai Jesus. na verdade são duas frases uma dizendo que o flamengo é o mais cotado e outra dizendo que é o mais querido.
Uau, xará, nunca tinha lido ou ouvido essa interpretação do "ai Jesus" como "queridinho". Tem alguma fonte para essa informação?
ExcluirPara quem escuta o hino, parece muito claro que o trecho "nos Fla-Flus, é o ai Jesus!" significa "nos Fla-Flus, é um desespero, um Deus nos acuda!".