Continuando a série de histórias da Libertadores...
Cochabamba, Bolívia, 13 de outubro de 1981.
Amigos, quando achamos que já vimos de tudo em futebol, surge mais um fato inusitado. Por exemplo, o incrível azar dos bolivianos do Jorge Wilstermann, semifinalista da Copa Libertadores de 1981. Na mesma semana, os três goleiros do plantel boliviano tiveram problemas. Assim, o clube chegou ao dia do jogo contra o Flamengo sem um arqueiro disponível! Resultado: tiveram que ir buscar o aposentado Issa em casa.
Imagino a surpresa de Issa quando recebeu a proposta cruel:
"quer levantar do sofá para enfrentar o Flamengo de Leandro, Júnior, Adílio e Zico?". Issa poderia ter negado. Afinal, já marcara seu nome positivamente na história do futebol boliviano, como na
épica vitória do Jorge Wilstermann sobre o poderoso Peñarol, na já distante Copa Libertadores de 1966. Mas Issa aceitou o desafio, e foi para debaixo dos arcos, defender a meta do Jorge Wilstermann.
As testemunhas presentes no Estádio Felix Capriles, em Cochabamba, não conseguem esquecer a cena. Era difícil segurar o riso, diante da figura rechonchuda do goleiro Issa. Ele não merecia aquelas gargalhadas: afinal, teve uma atitude corajosa, que poucos jogadores aposentados teriam. Com um agravante: sem receber um tostão furado, por puro amor ao distintivo.
Para um goleiro totalmente fora de forma, Issa até teve uma boa atuação. O Flamengo só venceu por 2 a 1, gols de Baroninho e Adílio, Melgar descontando. O titular Pérez voltou à equipe no jogo seguinte, e o Jorge Wilstermann não precisou mais dos serviços de Issa. O Flamengo venceu o jogo do Maracanã por 4 a 1, e assegurou a vaga na final da Copa Libertadores de 1981, contra o Cobreloa, do Chile. Após ganhar no Rio e perder em Santiago, o rubro-negro venceu em Montevideo, conquistando assim o mais importante título de sua história.
PC
Ficha Técnica: Jorge Wilstermann/BOL 1 x 2 Flamengo.
Fase semifinal da Copa Libertadores da América de 1981.
Data: 13/10/1981.
Local: Estádio Felix Capriles (Cochabamba, Bolívia).
Jorge Wilstermann: Issa; Bengochea, Navarro, Villalón e Trigo; Enriquez, Aviero e Villaroel; Salguero, Taborga e Bendelack (Melgar).
Flamengo: Raul; Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita (Lico), Nunes e Baroninho (Nei Dias). Técnico: Paulo César Carpegiani.
Árbitro: E. Labó (Peru).
Gols: Baroninho e Adílio (Flamengo); Melgar (Jorge Wilstermann).
(esse texto foi baseado no
cômico relato de Francisco Moraes, torcedor do Flamengo, que encarou dias de viagem por terra para assistir a essa partida ao vivo, em Cochabamba)
O Flamengo é um time de muita sorte...3 goleiros incapacitados!
ResponderExcluirTem coisas que só acontecem com o Flamengo! Bem diferentes daquelas que só acontecem com o Botafogo...
kkk, ele podia agarrar a meta do WascO no domingo! sonharam que seriam campeões. mas acordaram com a cara no chão duro feito de cimento.
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