A votação do orçamento do Fluminense

Amigos, aconteceu no dia 26 de janeiro de 2010 a votação do orçamento de 2010, pelo Conselho Deliberativo do Fluminense Football Club. Este escriba não esteve presente, mas alguns amigos relataram para ele o verdadeiro circo de horrores que presenciaram. Meus leitores - se é que vocês existem - merecem saber.

Apesar de conter erros primários de contabilidade - de acordo com advogados e contadores presentes - o orçamento foi aprovado. O professor Eduardo Coelho, em um trabalho excepcional, listou em seu blog os nomes de todos os conselheiros presentes, e seus respectivos votos. É a primeira vez que vejo uma lista de conselheiros do Fluminense assim, publicada na internet. Como seria bom que o Fluminense fosse mais transparente para a torcida interessada! Quem quiser conferir o post do professor, clique aqui.

Farei agora minhas observações sobre os votos de alguns dos conselheiros do Fluminense. O primeiro nome a chamar minha atenção na lista é o de Roberto Horcades Figueira, o atual presidente do clube. É curioso ver que Horcades pode votar a aprovação do orçamento de sua própria gestão. Mas mais curioso ainda é ver que seu voto é de abstenção! Inacreditável, não?

Ainda na parte de conselheiros natos (esses serão conselheiros do Fluminense enquanto estiverem vivos), nomes famosos estão presentes, como os dos ex-presidentes Francisco Horta (que votou a favor do orçamento) e Sylvio Kelly dos Santos (que se retirou em protesto). Outros nomes que muitos tricolores já ouviram são os de Marcos José Torres Furtado e Milton Jacob Mandelblatt, militantes ativos na política do clube há algum tempo. Apesar de dizerem que pregam mudança, Furtado e Mandelblatt votaram a favor do tosco orçamento apresentado.

Passo agora à parte dos conselheiros eleitos (esses só têm um mandato de 3 anos, e serão substituídos pela chapa vencedora das eleições de novembro). Dos 150 conselheiros eleitos que deveriam estar presentes, apenas 112 assinaram o caderno de presença, sendo que alguns deles se retiraram antes da votação.

O Grupo Político Flusócio, que lançará Peter Siemsen como candidato à presidência em novembro, tem três conselheiros eleitos (em 2007, como parte da chapa que ficou em segundo lugar no pleito). O grupo escreveu, em seu blog, que utilizou seus votos para reprovar o orçamento apresentado. O conselheiro Alexandre Vasconcellos não compareceu à reunião. Já Claudio Gonçalves Maes estava ausente (compareceu à reunião, mas saiu antes da votação). Apenas Fernando Augusto de Simone de fato votou contra o orçamento apresentado. Como a transparência é um dos pilares de seu discurso, a Flusócio deveria informar melhor os tricolores a respeito de suas próprias ações.

Ainda na parte dos conselheiros eleitos, cabe parabenizar a atitude dos conselheiros Ivan Cavalcanti Proença e Ivan Guimarães Proença, que abandonaram a reunião antes da votação, para protestar contra a absurda aprovação que estavam presenciando.

Tanto critiquei aqui a aberração do orçamento, mas pouco justifiquei. De acordo com meus amigos presentes à reunião, advogados e contadores, a previsão total de gastos é um valor claramente inferior ao que de fato será gasto. Já a arrecadação prevista é um valor superestimado, que até pode ser atingido, mas depende de um aproveitamento extraordinário de bilheteria e marketing. Em suma: o Fluminense está contando com os ovos, mas a galinha ainda não os pôs.

Hoje, o Conselho Deliberativo está se reunindo novamente, para realizar a reunião de "reprogramação orçamentária" do exercício de 2009. Isto é, hoje eles tentarão explicar por que gastaram mais e arrecadaram menos que o previsto, no ano passado. Alguém aí duvida que, em fevereiro de 2011, precisaremos de uma nova "reprogramação orçamentária"?

PC

(mais sobre esse assunto no post do amigo Marco Aquino, no Pavilhão Tricolor)