Rio de Janeiro, 25 de junho de 1995.
Amigos, reza a história que o futebol do Flamengo nasceu de uma briga no Fluminense. Nove titulares campeões invictos de 1911 resolveram sair do Tricolor (só permaneceram Oswaldo Gomes e James Calvert). Por outra: o primeiro Flamengo, antes de ser Flamengo, foi Fluminense. Estava desenhado o maior clássico do futebol brasileiro, aquele que anos mais tarde ganharia um nome próprio perfeito: o Fla-Flu.
O jogo final do Campeonato Carioca de 1995 parecia ser o prelúdio da maior celebração da história do Flamengo. A conquista rubro-negra parecia ser uma certeza líquida e matemática, pois o Fluminense não teria a menor chance. O Flamengo tinha Romário, o Flamengo tinha Branco, o Flamengo tinha dois terços dos 120 mil no Maracanã, o Flamengo tinha a vantagem do empate.
No primeiro tempo, contrariando os prognósticos, só deu Fluminense. Com Renato, 1 a 0. Com Leonardo, 2 a 0. A empolgação agora vestia verde, branco e grená. Oitenta mil emudeciam em preto e vermelho.
No entanto, a magia do Fla-Flu reside na imprevisibilidade. Uma falta cobrada por Branco explodiu no travessão, e acordou o Flamengo. O rubro-negro lançou-se todo ao ataque, e a sua torcida veio junto. Romário, que nunca havia balançado as redes tricolores, fez o primeiro. E Fabinho empatou com um golaço. O placar em dois a dois levava a taça para a Gávea.
Quando o tricolor Lira foi expulso, deixando o Fluminense com apenas nove em campo, o destino do troféu parecia definitivamente selado. No entanto, é bom repetir: a magia do Fla-Flu reside na imprevisibilidade.
Quando eram decorridos quarenta e dois, trama pelo flanco direito no ataque tricolor: Ronald aciona Ailton, que invade a área, corta pra lá, corta pra cá, e dispara.
As cento e vinte mil testemunhas oculares arregalam os olhos.
Cento e cinquenta milhões de brasileiros prendem a respiração.
O Estádio Mario Filho treme.
Todas as atenções da nação se voltam para aquela bola.
Que desvia na barriga de Renato e entra.
Era o gol. Era a vitória. Era o título.
Fluminense três a dois.
Dos céus, Nelson Rodrigues sorri, e diz: "Não sei qual é mais formidável, se a euforia tricolor, se o silêncio rubro-negro".
PC
Vídeo do Canal 100 sobre o jogaço:
Eu estava lá! Foi assim mesmo.
ResponderExcluirRenato Gaúcho marcou gol que deu título Intercontinental, mas é sempre lembrado por este gol em cima do Flamengo. Jogou pouquíssimo tempo no Flu, mas o suficiente.
ResponderExcluirAté hoje o grande Renato é odiado pelos flamengos só por causa deste gol.
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